> em difusão <


No outro dia tive um flash daqueles no trânsito (sim, os deuses do modernismo compesaram o nível nulo de consciência proporcionado pelo advento da televisão inventando o trânsito, os senhores não brincam, é uma no cravo outra na ferradura - é nisto que dá a omnipotência).
Estava então eu a deambular sobre se abordar um problema de forma analítica ou por intermédio de uma rede neuroal e quais as difereças substanciais entre as duas - Quando falo de uma rede neuroal não estou a contar com capacidades de aprendizagem nem feedbacks, apenas o modelo de dados que tem uma série de entradas e um resultado - ora estes dois modelos sempre me pareceram duas formas diferentes de fazer o mesmo até esse dia.
Ao entender o modelo interno de uma rede neuronal percebe-se que embora muito mais complexo do que a mera aplicação de uma fórmula (como nos processos analíticos) fora ocasionais perturbações aleatórias propositadamente introduzidas, não passa de um modelo também ele determinístico. Resolver um problema por intermédio de uma rede neuronal sempre me fez lembrar o usar números imaginários para resolver troços de problemas com raízes negativas até regressar aos números reais, enfim, uma mera mudança de base para um espaço onde coseguimos resolver o problema e posterior retorno à base original.
Qual é afinal a grande diferença ente uma rede neuronal e um problema analítico? o que é que a torna um modelo tão interessante para resolver problemas abstractos e tão ineficaz em problemas concretos (por ex. algébricos)? Qual é a particularidade da sua génese que difere do cálculo e vice-versa? (Particularidade da base lógica na qual se processa a informação desde o input até ao resultado)
Foi a resposta a este conceito que me atingiu junto a um semáforo da Av. 24 de Julho juto ao Jardim de Santos. É tão minimal que até me sinto diminuido por estar a escrever sobre ele, mas revelou-me uma abstracção que eu desconhecia.
Na álgebra temos classicamente problemas de igualdade (é igual e é diferente) e desigualdade (é maior e é menor). Mas numa rede neuronal (e num neurónio) temos exclusivamente como ferramenta a desigualdade, um neurónio ou dispara (com entradas superiores ao threshold) ou não dispara (com entradas inferiores ao threshold), não tem nenhum comportamento especial para entradas exactamete iguais ao threshold e isso extende-se também ao resultado macroscópico de toda uma rede deles. Ou seja, no modelo lógico em que funciona a rede neuronal está completamete abolida a igualdade, foi saneada a certeza, colocado de lado tudo quanto possa ser um entrave à difusão típica de um problema abstracto.
Nós próprios podemos com facilidade dizer que preferimos este áquele estilo musical, mas torna-se dubio e desconfortável dizer que gostamos precisamente tanto desde como daquele artista.
Agora a dúvida é, quantos modelos haverá por descobrir que partilhem esta característica das redes neuronais?


> surrounding no? <


Vou devolver esta porcaria de home-theatre que comprei - não faz Dolby-Prologic no Sétimo Selo


> pequenas coisas que me intrigam na natureza - o padrão venenoso <


Monstro de Gila - Heloderma suspectumTodos sabemos que há, no mundo natural, um padrão habitualmente feito de cores garridas (amarelo, laranja, vermelho, ...) contra preto que significam perigo!
É relativamente fácil entender a emergência deste padrão como elemento defensivo, pois ao contrário dos vulgares predadores e presas que desejam passar despercebidos de par a par, o animal que usa veneno como arma de defesa até prefere ser visto e ganha identificação própria ao adoptar um padrão bastante diferente dos demais.
Até aqui tudo bem e também tudo bem em relação ao seguite: como seria de esperar, o oportunismo entra em cena e aparecem os falsos venenosos - animais que embora perfeitamete inofensivos não se importam de dar nas vistas tirando partido do bluff que as suas cores sugerem.
Agora aquilo que me faz mesmo confusão é porque é que há tantos venenosos verdadeiros e tão poucos falsários? É que à primeira vista o falsário está em vantagem pois não tem o ónus genético da criação de um veneno complexo.
Ainda não ouví uma explicação covincente para este fenómeno.


> xadrez lateral - problemas de quarto ii <


O problema do segundo quarto do tabuleiro reza assim:
As brancas jogam e ganham. Mate em 2!

Doi... doi muito!

... mas quem acertar primeiro ganha um café no Tejo Bar


> socialismo de treta <


Hoje comecei o dia com o desabafo do carteiro que serve o meu local de trabalho. Está a ensinar a alguns iniciados a volta que fez durante o último ano em serviço nos CTT. A estória é recorrente, contratos a prazo e para contornar os obrigatórios benefícios de progressão na carreira vem a dispensa sem justificação para dar lugar ao próximo.
Muito feio, uma autêntica vergonha, diz o leitor de esquerda; normal e inevitável comenta o de direita. A verdade é que se não houvesse este nosso querido Estado a impôr ao mercado regras rígidas de progressão na carreira, este último não teria vantagem nenhuma em mandar embora um funcionário que considere ter atingido o seu nível de competência (sim ao contrário da função pública, a iniciativa privada não é parva e normalmente pára antes de colocar alguém acima das suas capacidades e, ao menos, quando o não consegue, não sou nem eu nem você quem paga a factura).
Se não fosse obrigatório ao mercado admitir como efectivo um indivíduo quando este atinge um tempo de trabalho que o Estado estipula, se os termos do contrato entre as partes fosse da exclusiva e livre vontade das intervenientes, talvêz não houvesse a necessidade desta palhaçada.
O nosso amigo carteiro não está a reivindicar nada, ele nem se insurge contra o salário ou as condições, ele só gostaria de continuar na mesmíssima em que tem estado até hoje, mas eis que chega o Estado-Pai e diz na-na! tens que ser aumentado, tens que ficar efectivo e de preferêcia com bom alarido para que o governo em posse possa encaixar mais alguma propagada política.
O AZAR DE TODOS OS CARTEIROS POR ESTE PAÍS FORA É QUE O MERCADO É DINÂMICO E ADAPTA-SE e como tal estes serão sumáriamente substituidos porque suas Excª lá em cima ganham poder político por proclamar este socialismo de treta, esta máscara de cera que parece humana e de esquerda por fora mas que por dentro inevitavelmente se adapta às feições mercantilistas de quem a usa.

E quem paga continua a ser o mexilhão: O carteiro porque vai para a rua, os CTT porque esta burocracia custa dinheiro e todos nós porque o Estado nem estragar a economia faz de borla.